RIO DE JANEIRO: Sem recursos, governo volta a atrasar salários
O drama se repete: sem dinheiro em caixa, o estado vai atrasar novamente o pagamento dos salários dos servidores da ativa, aposentados e pensionistas. Na quarta-feira, terceiro dia útil, apenas os vencimentos dos funcionários da educação da ativa serão pagos. Além disso, os servidores da área de segurança — policiais civis e militares, bombeiros e agentes penitenciários da ativa — receberão apenas 70%. O estado promete pagar os 30% restantes, bem como os proventos integrais de aposentados e pensionistas da segurança, no dia 13.
Entre os dias 13 e 17, deverão ser depositados os salários dos demais servidores e aposentados. O cronograma descumpre mais uma vez uma liminar do STF, de julho, que determina o pagamento até o terceiro dia útil. A Secretaria estadual de Fazenda alega que não há dinheiro em caixa.
O cenário de incerteza causa apreensão entre servidores da ativa e inativos. Na agência do Rioprevidência no Centro, é normal a peregrinação de aposentados e pensionistas em busca de informações. Com 30% do salário comprometido com parcelas de créditos consignados que só terminam em 2020, o aposentado Carlos Alberto da Silva Reis vive na expectativa de receber os proventos em dia.
— Moro em Piedade e venho até o Centro só para pegar o contracheque, mas sempre na esperança de ter uma boa notícia sobre o pagamento. Já estou até acostumado com os atrasos e, todo mês, tenho que contar com a ajuda de familiares até o dinheiro cair na conta. Trabalhei 35 anos como auxiliar administrativo no Detran. Nunca imaginei que passaria por isso aos 73 anos — lamenta Carlos.
O medo de que o pagamento atrase também é vivido pelo aposentado Gilberto da Graça Aguiar, de 70 anos.
— Infelizmente, o pagamento tem saído rotineiramente com muito atraso. O problema é que o estado não arca com os juros de contas que pagamos fora da data de vencimento por falta de dinheiro. Não é fácil chegar a esta idade, depois de ter trabalhado duro no sistema penitenciário, e ter que contar com a ajuda dos familiares até o dinheiro sair — disse, emocionado, o aposentado.
Sem saber ao certo quando vai receber, a pensionista Maria Aparecida de Andrade da Rosa, de 73 anos, voltou a trabalhar. Moradora do Irajá, ela complementa a renda como empregada doméstica na casa de uma família em Copacabana.
— Sempre honrei meus compromissos, pagando as contas em dia. Como não posso contar com o dinheiro do estado, pois a data de pagamento nunca bate com as dos vencimentos das faturas, uso meu salário de doméstica. Não é fácil, aliás, é muito cansativo, mas preciso me virar — disse Maria.
Fonte: O Globo