Abrir um negócio inovador, que envolve tecnologia, tem sido uma ideia cada vez mais colocada em prática no Ceará. O Estado registrou crescimento na criação de novas startups no ano passado, que mostra um crescimento de 36% no número de incubadoras no ano passado em comparação com 2017, com 15 novos negócios, conforme dados da Abstartups (Associação Brasileira de Startups). Só no Nordeste, são 629 negócios inovadores atuando em diversos segmentos, sendo a segunda maior região do País no ranking, atrás apenas do Sudeste, com 4.692. O Ceará tem 167 empresas desse setor e está entre os 10 estados do Brasil com mais startups funcionando. Já a Capital tem 151 incubadoras e é reconhecida entre os locais com mais volume de empresas desse setor.
Um dos fatores que facilitam essa elevação no número de novas startups são os estímulos ao acesso à educação e tecnologia no estado, segundo Marcos Medeiros, gerente de comunidades da Abstartups. "O Nordeste é uma das regiões mais populosas do país, e todos os estados são muito atuantes nesse modelo. A gente tem várias cidades com iniciativas interessantes, com parques tecnológicos na criação de novos negócios e isso facilita o volume de startups na região", ressalta.
Os setores que têm mais atuação no estado são educação, saúde, bem-estar, varejo e atacado. De acordo com um mapeamento feito pela Abstartups, 7,4% dessas empresas de tecnologia no Nordeste estão garantindo mais esforços na produção de conteúdo. E o principal modelo de negócio é o marketplace - estratégia que utiliza comércio de bens e serviços.
No Ceará, existe uma startup chamada Agenda Edu, que atua há 5 anos e já conquistou todos os estados do Nordeste e vários estados do Brasil. A plataforma atende 1.500 escolas do País e oferece serviço de comunicação entre pais, alunos e professores através da plataforma. Na plataforma, eles também oferecem diversas formas de pagamento para eventos ou aulas de campo, assim os pais têm praticidade como qualquer outro aplicativo de serviço. "Nós facilitamos a vida das pessoas. Os pais conseguem pagar direto do cartão de crédito, como o Ifood, por exemplo", afirma o diretor Anderson Moraes.
Ainda segundo o executivo, o negócio deu tão certo que a empresa já atingiu 170% no início de 2019 e espera concluir o ano com 1 milhão e meio de alunos cadastrados. O faturamento da plataforma chega em unidades de milhões e logo espera-se aumentar esse patamar.
Embora a empresa seja cearense, possui uma sede em São Paulo, a fim de expandir as oportunidades no polo tecnológico de lá. "Em São Paulo temos alcance em 600 escolas, mas o Nordeste tem sido nossa base. Todos os funcionários são do Ceará. E estamos crescendo cada vez mais", afirma Moraes.
Desafios
As pessoas que desejam participar desses tipos de negócios têm ideias que saem do papel, mas que, em algumas situações, não conseguem se consolidar no mercado por não visualizarem as oportunidades e ampliar a distribuição do produto. Em outros casos, alguns desenvolvedores migram para outros estados do Sudeste por acharem o mercado local limitado. Mas as perspectivas estão mudando.
As incubadoras - projeto de criação ou o desenvolvimento de pequenas empresas ou microempresas- solicitam linhas de crédito aos bancos para conseguir capital a fim de conseguir recursos para prospectar os negócios, mas de acordo com Marcos Medeiros, existem outras formas de conseguir recursos financeiros. "Os investimentos ainda são um desafio, não é tão fácil conseguir linhas de crédito. Mas existem outras formas de conseguir capital através de parcerias privadas, por exemplo.
O Banco do Nordeste e o BNDS são alguns bancos que têm uma visão positiva desses negócios e investem bastante". Os bancos que financiam esses negócios solicitam somente 40% do valor financiado quando apostam em algum projeto.
Incentivos
Para quem deseja trabalhar e sustentar o seu modelo de negócio no Ceará, os estímulos estão vindo do cenário público. Fortaleza terá um parque tecnológico de apoio e incentivo aos empreendedores que desejam trabalhar com bases tecnológicas, de acordo com Cláudio Ricardo Lima, Presidente da Citinova - Fundação da Ciência e Tecnologia, órgão municipal que trabalha na criação de programas para o desenvolvimento da cidade. "Vamos instalar, ainda nesse ano, um distrito de economia criativa e empresas de base tecnológica na área da Praia de Iracema. O prefeito já está regulamentando isso."
Ainda segundo Lima, as regiões periféricas da cidade também receberão incentivos nesse sentido, através do programa Meu Bairro Empreendedor, que pretende incentivar a criação de incubadoras com os jovens nas localidades.
No âmbito estadual, o governo desenvolveu dois programas para estimular e estruturar essas pequenas empresas. O primeiro se chama "Corredores Digitais", feito pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ceará, e está presente em 14 macrorregiões e em mais de 48 cidades com unidades físicas, atuando através de cursos e palestras para capacitar pessoas que têm interesse em desenvolver algum produto. Já o CriarCE é um espaço que oferece ambiente para trabalhar, laboratório de prototipação, mentorias e suporte técnico para as incubadoras se desenvolverem produtos.
Apesar dos estímulos, ainda existe o pensamento que o empreendedorismo é um risco alto. "Não fomos preparados para empreender e isso dificulta ainda mais trabalhar nesse tipo de base. Muita gente ainda não tem essa consciência", Gabriela Purcaru, Coordenadora do programa Corredores Digitais.
Fonte: Diário do Nordeste