Vida e obra de Cora Coralina são inspiração para conversa sobre a coragem transgressora feminina
A manhã chuvosa desta quarta (13) foi marcada por um encontro especial para as associadas que participaram do evento promovido pela AUDITECE para celebrar o Dia Internacional da Mulher. Reunidas para o café da manhã, as Auditoras confraternizaram no ambiente aconchegante e criativo do Blecker Café
O evento foi aberto pela associada Isabel Pires, que trouxe às colegas números relacionados à atuação feminina no Fisco cearense. “Essa conversa sobre transgressão tem tudo a ver com a nossa profissão. Exercemos uma atividade que ainda é predominantemente masculina. Isso pode ser confirmado ao analisar o quadro associativo da AUDITECE, que deve reverberar a realidade da Sefaz (CE). Hoje representamos apenas 26% dos Auditores-Fiscais da Receita Estadual”, avaliou.
Vida e obra de Cora Coralina foram inspiração para uma conversa sobre a coragem transgressora das mulheres, conduzida pela leitora Izabel Gurgel. A jornalista fez um passeio pela biografia da poetisa goiana e suas rupturas com a moral da época para se tornar uma mulher que viveu à sua maneira.
“Cora nasceu em 1889, na Casa do Fisco (Casa de Arrecadação do Quinto), um lugar impregnado de história, numa família tradicional que estava entrando em decadência. Ela teve de romper com alguns códigos na sua trajetória. Então, ela não era a velhinha que vendia doce e fazia poesia, ela era uma mulher que escolheu a vida”, explicou.
Para ilustrar a trajetória de emancipações da literata, Izabel ressaltou algumas peculiaridades de sua vida, tais como seu caminho profissional. Cora foi vendedora de livros “de porta em porta”, dona de pensão, possuiu loja de retalhos, foi uma das fundadoras da Associação Comercial de Penápolis. “Ela sempre teve um pé na vida pública, foi candidata a vereadora, defendeu a reforma agrária... Foi uma mulher que olhava para o futuro”, disse.
De acordo com a leitora, Cora Coralina, embora tenha escrito durante toda a vida, teve seu primeiro livro publicado aos 76 anos e só aos 91 teve sua “instância de consagração”, após uma publicação de Carlos Drummond de Andrade para o Jornal do Brasil, que a reconheceu como o “diamante goiano cintilando na solidão”, tornando-se a “queridinha” da imprensa brasileira.
“A relação corajosa com o tempo talvez seja o doce mais precioso que Cora nos ofereceu”, analisou Izabel ao finalizar sua fala no evento que contou com a presença do diretor-executivo da entidade, Juracy Soares.
As associadas, que ainda participaram de sorteio de mimos oferecidos pela AUDITECE, emitiram depoimentos de satisfação com evento:
“Meus agradecimentos à AUDITECE nas pessoas responsáveis pelo excelente evento proporcionado às mulheres, em especial a nós, Auditora. O que vi foi um encontro cultural, alegre, de satisfação pessoal, por estar ali. Foi excelente o tema abordado, nos tocou e nos fez refletir de que nossa história tem várias perspectivas e que só depende de nós, nossa determinação, nossos sonhos. Nunca é tarde para que cada um busque se realizar, independentemente da idade. Parabéns a todos!” – Maria Océlia (AFRE associada)
“Excelente encontro hoje pela manhã. A Izabel foi maravilhosa em contar a vida de Cora Coralina e de conectar essa história de vida com a luta da mulher na sociedade brasileira. Parabéns pela iniciativa!” – Ana Virgínia (AFRE associada)