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Publicado em: 28/08/2013

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Prorrogada tarifa zero do trigo

28/08/2013.

Apesar da medida, o NE deve amargar com impactos negativos, por não produzir e importar o produto

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) prorrogou, até 10 de setembro, a tarifa zero para importações de trigo de países que não integram o Mercosul. A resolução foi publicada, ontem, no Diário Oficial da União, segundo divulgou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

O objetivo da medida é não prejudicar o abastecimento do mercado doméstico, em função da quebra da safra na Argentina, principal fornecedor externo. A tarifa normalmente cobrada em importações fora do Mercosul era de 10% e deveria retornar no próximo dia 31 de agosto. Conforme o Mdic, a safra brasileira terá início após a data limite da medida. "Além disso, a cota de dois milhões de toneladas foi ampliada em 300 mil toneladas".

Demanda

Por outro lado, o presidente da Sindicato da Indústria do Trigo do Ceará (Sinditrigo), Eugênio Pontes, afirma que a medida é insuficiente para o Nordeste - que deve continuar prejudicado. Isso porque, explica, a região não produz e importa todo o trigo consumido de fora do País.

"A quantidade é totalmente insuficiente. O Brasil precisa de 2 milhões de toneladas para suprir a necessidade até o final do ano, enquanto o Nordeste precisa de 1 milhão de toneladas. O Nordeste importa 100% do trigo e o que o Brasil produz só abastece apenas o Sul e parte do Sudeste", afirma.

Impacto

Segundo o presidente do Sinditrigo, o governo tem sofrido pressão da bancada ruralista no Congresso Nacional. Ele afirma que, com o retorno da cobrança da tarifa em setembro, a região sofrerá "um impacto muito violento no setor", refletindo ainda mais nos derivados do trigo, como pão e massas. "Vai ter o aumento de 10% no frete e mais 10% no trigo. Além disso, o dólar já saiu de um patamar de R$ 1,90 para R$ 2,40, que é um agravante", diz Eugênio, que também é diretor no grupo M. Dias Branco.

Eugênio Pontes destaca que a tarifa foi criada para proteger as relações comerciais no Mercosul e, sem a Argentina no mercado, o cenário foi modificado. "Vamos acreditar na consciência e bom senso do governo de liberar pelo menos para o Nordeste. A população não pode ser penalizada por conta de meia dúzia de produtores. A região só importa e a safra brasileira não vai nos atender", reclamou.

Decisão

De acordo com o Mdic, a decisão da Camex levou em conta a alta do preço do trigo no mercado internacional e os possíveis efeitos sobre a inflação. A redução de Imposto de Importação para o trigo está em vigor desde 1° de abril deste ano.

GABRIELA RAMOS - REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste