GOIÁS: “Estamos em condição melhor do que em 2015, mas a situação financeira do Estado ainda preocupa”
Ambos são economistas de excelência, jovens e ao mesmo tempo maduros, proativos e com capacidade de bancar o que propõem. Mas qual a diferença entre Ana Carla Abrão e Joaquim Levy em 2015? O que levou a primeira a um percurso, senão tranquilo, pelo menos consistente e ao último a uma demissão? A resposta está no que diz a própria titular da Secretaria do Estado da Fazenda (Sefaz), nesta entrevista ao Jornal Opção?
Nela, Ana Carla conta como o governador Marconi Perillo (PSDB) lhe deu todo o suporte para fazer os ajustes necessários para as contas do Estado sofrerem o menor impacto possível diante da conjuntura desfavorável. A crise político-econômica fez várias unidades federativas terem crescimento nominal negativo de sua receita, o que não ocorreu em Goiás. “Nosso crescimento veio abaixo da inflação, mas nossa arrecadação cresceu 5,5% em relação a 2014”, lembra.
Uma das características da secretária é se mostrar de forma sempre transparente. Nas redes sociais, Ana Carla não foge dos debates e da defesa daquilo em que acredita. E acha que é preciso ser assim, cada vez mais. E conclui: sempre preciso que os governantes deem cada vez mais transparência a seus atos.
Marcos Nunes Carreiro — O governo realizou um ajuste fiscal muito forte no ano passado, em um trabalho liderado pela Sefaz, com a sra. à frente. Qual é o saldo desse ajuste?
Não tenho dúvida de que Goiás fez o maior ajuste fiscal de todo o País. No total, no orçamento de 2015, chegamos a mais de R$ 3 bilhões de cortes. Parte importante disso veio da reforma administrativa que o governador Marconi Perillo realizou em novembro de 2014. Então, só com a reforma administrativa, chegamos a R$ 350 milhões de economia com gastos com pessoal. Esse é um dado importante, porque, quando assumi a Sefaz, em janeiro de 2015, essa era a expectativa. Lembro-me de que, na época, o secretário José Carlos Siqueira me falou que a reforma tinha sido dimensionada para gerar R$ 350 milhões de economia. E de fato gerou, na verdade, R$ 348 milhões de economia. Outro dia brinquei com ele, dizendo “o sr. quase cravou”. E ele me falou “mas você só pegou a despesa com pessoal, não pegou as despesas indiretas”. E é verdade.
Então, tivemos essa parte importante do ajuste, mas também o bloco orçamentário. O orçamento que pegamos, da forma como estava, foi revisto para o orçamento real, que trabalhamos no início do ano passado, entre janeiro e março, quando o levamos para a Assembleia Legislativa. De fato, quando se olha todo o histórico, o que seria o Estado com aquele orçamento e o que levamos à frente e foi executado, com grau de precisão bastante positivo, estamos falando de mais de R$ 3 bilhões em cortes. Aí, claro, teve a questão dos adiamentos de aumentos salariais no final do ano, que foram fundamentais do ponto de vista financeiro. Esse conjunto todo gerou um ajuste fiscal que, primeiramente, evitou que Goiás entrasse na rota de Estados como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que parcelaram salários e não pagaram o 13º; em segundo lugar, nos coloca, no início de 2016, numa situação melhor do que a que estávamos em 2015. Nossa situação para frente é menos desequilibrada do que a que havia em janeiro do ano passado. Eu diria que desviamos do muro que havia à frente, mas isso não significa que está tudo bem. Ao contrário.
Fonte: Affego