BANCO CENTRAL ATESTA - Economia do CE segue em ritmo de expansão
07/11/2013.
Mais intenso que no País, desempenho estadual tende a se expandir favorecido pelas condições internas
Os principais indicadores econômicos do Estado continuam apontando para a expansão da atividade no decorrer do ano. Considerando dados dessazonalizados, o crescimento do Índice de Atividade Econômica do Banco Central - Ceará (IBCR-CE) - espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB) -, atingiu 3% no período de 12 meses encerrado em agosto, aumentando 1,3% no trimestre finalizado no oitavo mês do ano (0,1% no Brasil e no Nordeste), na comparação com o encerrado em maio, quando havia registrado a mesma expansão, segundo o Boletim Regional Trimestral divulgado ontem, na Capital cearense, pela autoridade monetária.
Já o PIB cearense cresceu 2% no segundo trimestre de 2013, em relação ao anterior, de acordo com o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Estado (Ipece). Se continuar nesse ritmo, a projeção de crescimento para a economia cearense no fim deste ano deverá se confirmar. De acordo com o Ipece, a variação será de 4%, ante o ano anterior. Enquanto a previsão do BC para o avanço da economia brasileira é de apenas 2,5%. Embora a expansão estadual venha se mantendo em níveis superiores à média nacional, ainda assim o Estado necessita um esforço muito grande para crescer. Hoje, o Ceará representa apenas 2% do PIB do País.
As perspectivas positivas para esse avanço na economia estadual estão ancoradas, apontou o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, pelo consumo aquecido, pela geração de postos de trabalho, pela expansão do crédito, pelos programas sociais e também pela consolidação de importantes investimentos, tanto de caráter público como privado.
Vendas no Varejo
O comércio varejista cearense cresceu 1% no trimestre encerrado em agosto, em relação ao finalizado em maio, quando havia crescido 1,3%, nessa base de comparação, de acordo com o IBGE. Nos últimos 12 meses até agosto deste ano, a atividade havia crescido 5,8%, acima, portanto da média brasileira, que ficou em 5,1% em igual intervalo de tempo e comparação. Os destaques foram para os segmentos de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (19,3%), e combustíveis e lubrificantes (17,1%).
Indústria
Já a produção industrial do Estado cresceu 2,8% no trimestre encerrado em agosto, ante o findo em maio, quando havia caído 1% . Por outro lado, a análise considerando os 12 meses findos no oitavo mês de 2013 aponta para uma expansão de 0,9% no setor, no confronto com os 12 meses imediatamente anteriores. O resultado foi puxado por calçados e artigos de couro (21,2%) e refino de petróleo e álcool (18,1%)
Crédito
Outro fator que mantém a demanda em alta e sustenta as projeções de crescimento da economia são as operações de crédito. Enquanto no País nos 12 meses finalizados em agosto esta atingiu saldo em torno de 16% superior aos 12 meses anteriores, no Ceará o avanço foi maior - 16,5%. Ritmo de crescimento que vem se mantendo nos últimos oito anos. Pelo lado das empresas, a contratação vem puxada pelas atividades de geração, transmissão e distribuição de eletricidade e gás. No âmbito das pessoas físicas destaca-se o crédito consignado e os financiamentos automotivo e imobiliário.
Investimentos
No que tange aos investimentos, o diretor do BC chama a atenção para a capacidade de investimento do Ceará - o quarto estado que mais investe proporcionalmente no País, sendo o primeiro em termos absolutos, destacou- e ainda para as aplicações de recursos privados no setores de siderurgia (CSP), refino de petróleo (Refinaria Premium II) e energia eólica. Segundo o BC vale considerar ainda com os recursos da a segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Estado, que prevê a injeção de R$ 46, 2 bilhões.
OPINIÃO DO ESPECIALISTA - Investimentos favorecem
Os dados do Banco Central não modificam muito o que já se vem conversando nos últimos meses. O Ceará vem em ritmo de crescimento maior que a média nacional por quatro razões básicas. Primeiro, em relação os investimentos privados que estão acontecendo aqui. Eles ainda não estão na sua maturidade de produção, mas vêm gerando demanda de produto, movendo, assim, a economia local. Ao mesmo tempo, os investimentos governamentais, não só ligados à copa, mas aqueles relacionados à infraestrutura portuária, de aeroportos, de mobilidade, que também têm sido importantes para alavancar o PIB do Ceará. Temos ainda a geração de emprego e as transferências dos programas sociais. A indústria é uma consequência. E eu diria que a economia do Estado só não cresce mais, porque nesse ano a agricultura foi muito ruim. Eu sempre digo que a agricultura é o humor da economia cearense. Por mais que ela tenha um peso pequeno na economia cearense, mas ela quando funciona mal as coisas ficam muito difíceis. Sobretudo no interior, dado que ela se concentra nessa região, que sofre mais. Mas no geral, as coisas no País estão caminhando. A inflação está sob controle, não há descontrole fiscal, e diante de um cenário internacional mal saindo de uma recessão, nós ainda estamos otimistas.
Henrique Marinho - Presidente do Corecon-CE
Câmbio e alta da gasolina ameaçam dado da inflação
Mesmo que consiga empurrar para 2014 o impacto de um reajuste dos combustíveis na inflação, o câmbio poderá estragar os planos do governo de manter o índice oficial de preços (IPCA) abaixo dos 5,84% registrados em 2012. "Havendo depreciação da taxa de câmbio certamente há repasse para inflação", foi taxativo o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, ao ser questionado sobre o impacto da desvalorização recente do real nas projeções oficiais.
De acordo com o diretor, o BC avalia, inclusive, manter no ano que vem a política de intervenções diárias no câmbio que encerraria no fim deste ano e serve para tentar conter depreciações excessivas do real frete ao dólar.
Intervenções diárias
"Há essa possibilidade, sim de continuação das intervenções diárias", afirmou Hamilton em Fortaleza, onde divulgou o boletim com dados regionalizados da economia, elaborado pelo BC."(A decisão) Dependerá das avaliações que faremos. Essa possibilidade está aberta", explicou sem dar detalhes dos fatores que serão determinantes na decisão da cúpula do banco.
Desde o final de agosto, o BC vende até US$ 3 bilhões por semana. De segunda a quinta-feira ele oferta contratos especiais de câmbio (swap) que, na prática equivalem a uma venda de dólares no mercado e, na sexta-feira, faz leilão de linhas em dólar com compromisso de recompra.
Reajuste do combustível
Além do câmbio, a política de reajuste automático prevista para ser definida no final deste mês pelo governo com a Petrobras deverá ser outro fator de risco para o discurso oficial de que, na gestão Dilma Rousseff, os preços seguiram tendência de queda.
As contas do Banco Central, que asseguram o recuo da inflação entre 2011 e 2014, incluem um aumento de 5% este ano dos combustíveis. Para o ano que vem, porém, o cenário traçado prevê alta de 4,5% para o conjunto de todos os preços administrados, onde, por sua vez, a gasolina está inserida.
Com isso, estima o BC, seria possível fechar 2013 com inflação em 5,8% (muito próxima dos 5,84% registrados no ano passado) e em 5,7% em 2014. A meta oficial é de 4,5% ao ano. Qualquer variação adicional, pode comprometer as estimativas atuais. "Não temos projeção individualizada para aumento da gasolina. Nosso cenário contempla 4,5% para o conjunto dos preços administrados", disse Hamilton.
A presidente Dilma Rousseff disse ontem que não recebeu "nenhuma" proposta e nem se manifestou a ministros a respeito de um possível aumento da gasolina ainda neste ano. Afirmou que isso "não é coisa para presidente da República responder" e criticou "matérias especulativas" sobre o assunto. "Não vi nenhuma proposta, não me deram nenhuma proposta", afirmou.
A Petrobras tem interesse em reajustes automáticos do combustível. A atual defasagem em relação aos preços internacionais gera problemas de caixa para a estatal. No entanto, para o governo federal, um aumento da gasolina agora pode pressionar a inflação a ponto de deixar os índices deste ano superiores aos de 2012.
Política fiscal
O diretor minimizou o impacto do rombo de R$ 9 bilhões registrado nas contas públicas em setembro e que reacenderam as discussões sobre a credibilidade fiscal da equipe econômica. Segundo ele, "os números que saíram em setembro não se afastam dos com os quais já trabalhávamos". Hamilton evitou entrar na polêmicas sobre as críticas de especialistas à condução da política fiscal e o risco de o País ser rebaixado nas avaliações das agências de classificação de risco. "Não tenho tido oportunidade de ler essas avaliações", desconversou. Sobre o impacto dessas análises no câmbio, resumiu: "o mercado reage a muitas coisas". Para ele, o crescimento da economia no terceiro trimestre deste ano, ainda será fraco.
Anchieta Dantas Jr.- Repórter
Fonte: Jornal Diário do Nordeste